Não é de hoje que eu falo sobre a importância da Curadoria de Conteúdo. O mundo digital está cada vez mais submerso em informação, o que dificulta (e muito!) o acesso à conteúdos de qualidade.
Por isso, eu acredito que uma das principais tendências para 2021 seja o cuidado de entregar conteúdos personalizados, para um público segmentado que está cansado de ver mais do mesmo.
Uma prova disso foi o movimento do Instagram em lançar a ABA GUIAS, que nos permite fazer a curadoria de conteúdos, lugares e produtos dentro da plataforma.
Lá no Instagram do Biblio Mkt já fiz alguns conteúdos sobre isso.
Mas para entender melhor o que é Curadoria de Conteúdo e como essa atividade se encaixa no trabalho de bibliotecárias (es/os), continue a conferir este artigo.
O que é Curadoria de Conteúdo?
Antes de entrar na definição de Curadoria de Conteúdo, eu quero te perguntar uma coisa: você conhece o conceito 90-9-1?
Ele foi criado pelo pesquisador e consultor em marketing Howard Horowitz, para se referir ao fato de que o ambiente digital está dividido em:
- Pessoas que criam conteúdo – EXPERTS = 1% ;
- Pessoas que editam, modificam e compartilham esses conteúdos – CURADORES = 9%;
- Pessoas que apenas consomem conteúdo, sem dar nenhuma contribuição = 90%.
Mas o que seria Curadoria de Conteúdo afinal de contas?
É uma atividade que envolve a coleta, a seleção e a disseminação de conteúdos digitais, que sejam de interesse do seu público-alvo.
Qualquer semelhança com a Disseminação Seletiva da Informação (DSI) não é mera coincidência!
No entanto, não basta saber o que é, precisamos entender como fazer uma curadoria de conteúdo com qualidade.
Como fazer uma boa Curadoria de Conteúdo?
Como essa atividade é ligada à área de Marketing, o processo geralmente se divide em apenas 3 etapas: pesquisa; contextualização e compartilhamento. Mas podemos também incrementar e adaptar esse processo de acordo com as nossas práticas biblioteconômicas.
No caso das etapas de DSI., poderíamos colocar da seguinte forma:
- definição dos perfis de interesse
- levantamento das palavras-chaves;
- pesquisa e acompanhamento das fontes;
- coleta, seleção e contextualização dos conteúdos relevantes;
- compartilhamento com o público.
Uma outra ideia também é a criação de critérios de seleção de conteúdos com base em Waldomiro Vergueiro. Parafraseando o professor Vergueiro, é preciso selecionar os conteúdos a serem distribuídos para o nosso público segundo razões objetivas predeterminadas – e não de forma aleatória.
E como funcionariam esses critérios?
Primeiro, tenha em mente que os critérios são baseados em 3 aspectos:
- Conteúdo
- Adequação do público
- Aspectos adicionais
Agora vamos falar sobre cada um deles!
1. Critérios com base nos conteúdos:
Autoridade: quem produziu tem autoridade sobre o assunto?
Precisão: o quanto o conteúdo é exato, preciso, correto?
Imparcialidade: existe favoritismo para determinados pontos de vista, preconceitos etc?
Atualidade: o conteúdo é atual? Vale aqui estipular um recorte cronológico ou uma vigência para conseguir renovar a coleção e ter conteúdos sempre atuais.
Cobertura/Tratamento: o assunto é tratado de forma muito superficial ou mais aprofundada, em detalhes?
2. Critérios com base na adequação do público:
Conveniência: o conteúdo é compreensível quanto ao vocabulário e aos recursos visuais apresentados?
Idioma: a língua dos conteúdos é conhecida e acessível para a audiência?
Relevância/Interesse: o conteúdo é relevante e útil para a experiência dos seguidores?
Estilo: o estilo de escrita e comunicação utilizados são apropriados para o público?
3. Critérios com base em aspectos adicionais:
Legibilidade: as letras estão no tamanho ideal? Há contraste entre o texto e o fundo da imagem? A resolução é de boa qualidade ou afeta a leitura?
Aspectos Especiais: contém referência ou citam fontes confiáveis?
Contribuição Potencial: o conteúdo é relevante para a coleção? Ele é único ou ficará repetitivo?
Custo (de tempo e trabalho para manter o conteúdo na coleção): vou precisar tirá-lo em breve ou ficará obsoleto muito rápido? (ex: eventos, datas comemorativas, notícias)
Com essa infinidade de conteúdos sendo publicados diariamente na internet, nada melhor do que ter critérios bem definidos para se fazer uma curadoria de valor, para assegurar que você esteja levando os melhores conteúdos informacionais para o seu público.
Agora me diz: qual você acha que deve ser o lugar dos profissionais da Biblioteconomia neste contexto?
Pois é, a nossa atuação vem sofrendo constantes transformações para acompanhar as demandas da sociedade atual.
Por isso, chegou a hora (passou né?!) de nos enxergarmos como CURADORES! E isso é contribuir para o desenvolvimento da competência informacional no ambiente digital.
Seja qual for o seu interesse: turismo, culinária, literatura, biblioteca escolar, biblioteca pública, concurso, moda, artesanato, direito, história…
Nós temos as habilidades ideais para:
✓ fazer a curadoria de conteúdos relevantes, através de uma pesquisa com alto grau de confiabilidade;
✓ contextualizar esse conteúdo de acordo com o público-alvo;
✓ disponibilizar esse conhecimento e direcionar de forma estratégica para o maior número de pessoas interessadas!
Nesse ponto, a única coisa que mudou foram as possibilidades de compartilhamento, já que agora tudo pode ser feito de forma muito mais escalável, ultrapassando o ambiente físico de uma biblioteca.
E existe um mercado de atuação para profissionais que se posicionem e se mostrem capaz de dar conta do recado.
Essa é uma oportunidade incrível para VIRARMOS REFERÊNCIA neste mundo em que as pessoas em vez de navegarem na internet naufragam frequentemente em um oceano infinito de informações inúteis.
Pense nisso!